domingo, 12 de janeiro de 2014

A Bolha Assassina (1988)

(The Blob, 1988, Chuck Russell)




Agora, vamos ao filme A Bolha Assassina de 1988, que eu não considero bem um remake, mas uma releitura do filme original de 30 anos antes, mas, assim, como outras refilmagens nos anos 80 de filmes terror sci-fi dos anos 50, ele cumpre com a tarefa de usar e abusar do gore, até porque em uma época em que os Slasher Movies dominavam o cenário com violência sem escrúpulos, tinha que se fazer algo para rivalizar ou até superar esses filmes. Mas esse A Bolha de 88, vai além de mortes sanguinolentas e possui um roteiro bem escrito (que ficou por conta do diretor) e que na verdade até satiriza os filmes de terror oitentistas.

A premissa é a mesma do filme de 1958: algo que se parece com um meteorito cai numa floresta local perto da cabana de um velho que mora com seu cachorro (Billy Beck) que vai ver o que é aquilo, mas, como diz o ditado: "a curiosidade matou o gato", e o que caiu do céu mostra-se uma ameaça quando uma gosma sai daquele meteorito e ataca o velho grudando em seu braço e o consumindo rapidamente. Com algumas mudanças no roteiro, aqui quem encontra o velho é o motoqueiro rebelde Brian (Kevin Dillon, a cara dos ano 80) que surpreende o velho correndo pra estrada e que quase é atropelado pelo casal de namorados Meg e Paul (Shawnee Smith - a Amanda da franquia Jogos Mortais - e Donovan Leitch, respectivamente) que aconselhados e acompanhados de Brian levam o velho até o médico. Chegando lá, após a burocracia em serem atendidos e o médico plantonista estar com uma paciente particular, deixando o pobre do velho que, apesar de ser uma emergência não tem convênio, esperando (pra você ver que não é de hoje e só aqui no Brasil que acontece isso) a bolha vai o consumindo. Ouvindo os gemidos do velho, Paul vai vê-lo, quando vê aquela horrenda cena do velho sendo consumido pela bolha, Paul vai correndo chamar o médico e ao voltar não encontram mais o ele, então o médico sai em procura dele deixando Paul numa sala, então o mesmo é atacado pela bolha. A partir daí a bolha vai fazendo cada vez mais vítimas durante seu percurso pela cidade até ser destruída no final que, assim, como o filme de 58, deixa o final aberto pra uma possível continuação (aqui, não apenas com um simples ponto de interogação depois do "the end", mas com uma cena realmente sugestiva) o que não teve, mas, não sei se devo agradecer ou não por isso (se fomos pegar como exemplo a continução de 1972 da versão original, óbviamente considero um não!).

Outra característica que o filme mantém semelhante com  o original, foi de ter usado bastante de efeitos especiais avançados pra época de seu feitio, como nas cenas de mortes violentas em que o gore é usado em doses certas. O filme ainda dá espaço pro humor, como numa cena em que Paul vai a farmácia com seu amigo para ele comprar camisinhas p'rum encontro com uma garota e o amigo, com vergonha de dizer que as mesmas eram pra ele devido a um reverendo conhecido seu estar no balcão, ele mente pro farmaceutico que as camisinhas eram para Paul e mais tarde, quando Paul vai ver Meg em sua casa e ser apresentado aos seus pais, advinha quem é o pai de Meg? Sim, o farmaceutico, rsrsrs! Ri muito nessa cena! O humor do filme também está presente na sátira que fazem aos filmes de terror (leia-se Slashers) da época, como numa cena em que o irmão mais novo de Meg está no cinema com um amigo assistindo a um filme de Serial Killer a la Jason (na verdade estão zoando o prórpio Jason) e um cara sentado atrás deles está advinhando as cenas e falando pra sua namorada em zoação ao fato dos filmes desse tipo terem cenas bem previsíveis, deixando os meninos irritados. Outra sátira a que o filme faz, essa um pouco mais séria e indireta, é aos filmes de ficção científica dos anos 50 traduzirem o sentimento dos americanos em relação a uma possível guerra biológica, época que a guerra fria estava em seu auge, mas não vou citar nenhuma cena como exemplo porquê, primeiro, já entreguei cenas demais e, segundo, porque estaria revelando parte do segredo do filme, acabando com toda a graça, portanto vamos parar por aqui!

Enfim, Chuck Russel, foi bem mais além em seu remake entregando um história genial pra um terror considerado trash, mas que em minha opinião se saiu melhor que o simplicidade do filme de 58, não só pela tecnologia avançada que fizeram com que os efeitos usados nesse fossem bem melhores, mas pelo roteiro bem elaborado. Tá ok, que foi baseado em cima de uma história já existente e com a ajuda do produtor do filme original (Jack H. Harris), mas foram tantos pontos tão bem pensados que o fazem uma obra superior, por mais revolucionária ou cult que o original tenha sido, fazendo dele um dos melhores e mais marcantes filmes de terror dos anos 80.

Nota: 8 / 10

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